Política

Prefeitura de Belo Horizonte recorre ao Supremo para derrubar liminar que libera cultos religiosos

Prefeito Alexandre Kalil (PSD) encaminha recurso ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, após ser intimado por Nunes Marques
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, disse que não cumpriria decisão de Nunes Marques e manteria igrejas fechadas Foto: Amira Hissa / Divulgação
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, disse que não cumpriria decisão de Nunes Marques e manteria igrejas fechadas Foto: Amira Hissa / Divulgação

SÃO PAULO — A prefeitura de Belo Horizonte recorreu neste domingo ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar a liminar que permite celebrações religiosas presenciais durante a pandemia do coronavírus, concedida no sábado pelo ministro Nunes Marques.

Saiba: Nunes Marques intima Kalil a cumprir decisão de liberar cultos e missas

"Por mais que doa no coração de quem defende a vida, ordem judicial se cumpre. Já entramos com recurso e aguardamos a manifestação do presidente do Supremo Tribunal Federal", afirmou o prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil (PSD), em publicação nas redes sociais.

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Assinado pela procuradoria-geral do município, o pedido foi encaminhado para o presidente do Supremo, Luiz Fux. A prefeitura argumenta que a decisão de proibir reuniões em igrejas e templos tem o objetivo de tentar frear a disseminação da Covid-19, em um ambiente em que os hospitais da cidade estão cheios. A prefeitura pede que a liminar seja suspensa e o caso seja discutido no plenário do STF.

Também neste domingo, o partido Cidadania recorreu ao Supremo para contestar a medida de Nunes Marques.

A proibição de realização de cultos religiosos tem oposto Nunes Marques e Kalil. No sábado, o ministro do Supremo permitiu a realização de missas e outros eventos, desde que respeitada a ocupação máxima de 25%, em uma ação movida pela Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure).

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Para Nunes Marques, a liberdade religiosa, garantida na Constituição, pode ser ferida pela decisão de governadores e prefeitos, como Kalil, que aumentaram as restrições de circulação e aglomeração de pessoas nas últimas semanas, tendo em vista o avanço da pandemia, o aumento no número de mortos e de ocupação das UTIs.

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), André Luís Mendonça, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, também solicitaram ao Supremo a permissão ao fechamento de igrejas e templos. Ambos buscam indicação para a Corte na vaga do ministro Marco Aurélio Mello e apostam na aproximação com evangélicos para agradar o presidente Jair Bolsonaro.

No fim do dia, Kalil afirmou, em rede social, que não cumpriria a decisão de Marques e que manteria a proibição para eventos religiosos. Na madrugada de domingo, Nunes Marques intimou Kalil a cumprir sua decisão e deu 24 horas para o prefeito esclarecer "as providências tomadas, sob pena de responsabilização, inclusive criminal".

Neste domingo, o arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, seguiu as orientações do prefeito da capital mineira e celebrou de forma online a tradicional missa de Páscoa. A decisão foi seguida por outros padres, que não permitiram aglomerações. A Arquidiocese de Belo Horizonte afirmou que pretendia "contribuir com as suas orações em casa, com a sua família".