O presidente estava acompanhado do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que comandou a pasta durante seis dos doze meses da pandemia de coronavírus.

A reportagem entrou em contato com a assessoria do Planalto para saber sobre o motivo da viagem do presidente e do ex-ministro a Goianápolis e aguarda retorno.

Pazuello é alvo de um inquérito – aberto enquanto ele ainda era ministro – que apura a atuação dele durante a crise sanitária no Amazonas no início do ano, quando houve falta de oxigênio para tratar pacientes de Covid-19.

A investigação das ações e omissões do governo federal durante essa crise é um dos objetivos constantes do requerimento inicial da CPI da Pandemia, criada no último dia 13 de abril pelo Senado Federal.

Durante a visita a Goiás, o presidente disse que a atitude do senador goiano Jorge Kajuru (Cidadania) de gravar uma ligação com ele foi uma "sacanagem" (veja vídeo abaixo). O político divulgou os áudios da conversa no domingo (11), em redes sociais.

"Gravar uma conversa minha com ele? Sem comentários. Depois que ele publicou, falei para publicar o resto todo. Não devo nada para ninguém, não estou preocupado com gravação telefônica não. Agora é sacanagem, até eu gravar você, você gravar ele", disparou o presidente.

O senador Jorge Kajuru disse em nota que não fez "sacanagem", ainda mais com o presidente da República, segundo o político.

"Logo, ele sabia da gravação e deu autorização para a sua exibição. Do contrário, bastaria dizer 'não coloque no ar Kajuru', eu o teria obedecido. Se arrependeu 20h depois", complementou o senador.

Na conversa por telefone, Bolsonaro cobra do senador que a CPI da Covid só vai investigar o governo federal, e não, governadores e prefeitos. E diz temer que o relatório da comissão seja – nas palavras de Bolsonaro – "sacana".

O presidente diz que o senador tem de "fazer do limão uma limonada". Kajuru responde que vai se "esforçar".

Bolsonaro também estava acompanhado do deputado federal major Vitor Hugo, líder do PSL na Câmara. O parlamentar gravou parte da visita e a transmitiu por meio das redes sociais.

Durante cerca de 15 minutos, Bolsonaro cumprimentou as pessoas que estavam no local com apertos de mão. Um dos apoiadores passou um bebê por cima da grade do campo para que o presidente o pegasse.

O deputado explicou que a intenção da visita do presidente ao município do interior goiano era apenas ver a população.

"A intenção foi de ouvir os problemas, sentir de que forma as ações do governo têm repercutido e tivemos uma impressão muito positiva, o presidente foi calorosamente recebido em Goianápolis", afirmou.

Em Goiás, há decreto desde 2020 que obriga o uso de máscaras no estado. A medida é considerada essencial para evitar a disseminação do coronavírus. As aglomerações também estão proibidas pelo mesmo motivo.

Desde 10 de março deste ano, Bolsonaro tem participado de eventos oficiais usando máscara. De acordo com levantamento do G1 no site de fotos da Presidência, antes desta data, a última vez em que Bolsonaro havia usado máscara em evento oficial foi em 3 de fevereiro, na sessão solene de abertura do ano legislativo do Congresso.

Entre essas datas, o G1 apurou que houve 36 eventos oficiais em Brasília e outras cidades — entre os quais solenidades, audiências, encontros com embaixadores e formaturas — com a participação do presidente. Em todos, ele estava sem máscara.

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