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Por Lucas Hirata, Valor — São Paulo

A intervenção do presidente Jair Bolsonaro no comando da Petrobras deflagrou uma onda de pessimismo e incerteza no mercado brasileiro, principalmente nas ações das principais estatais listadas na bolsa. Enquanto as ações da petroleira recuaram mais de 20%, os papéis do Banco do Brasil perderam 11% e os da Eletrobras sofreram com a volatilidade vinda de novos ruídos políticos.

Com a piora quase generalizada da percepção de risco, o Ibovespa fechou em baixa de 4,87%, aos 112.668 pontos, depois de tocar 111.65 pontos na mínima do dia. Foi a maior queda desde abril de 2020. Já o volume financeiro atingiu R$ 54,334 bilhões, o que marcou um novo recorde para a bolsa.

Grande parte desse giro veio da Petrobras, cujo papel preferencial teve um volume de R$ 10,8 bilhões e registrou perda 21,51%, a R$ 21,45. Já a ação ordinária teve queda de 20,48%, aos R$ 21,55, com giro de R$ 2,886 bilhões. As perdas só se comparam ao recuo de 21,08% e 20,50%, respectivamente, marcados em março de 2020 quando o mercado sofria com o pior momento da pandemia de covid-19 e preocupações sobre oferta global de petróleo.

O giro financeiro das duas ações ficou hoje em R$ 13,7 bilhões - um recorde para a soma dos papéis. O segundo colocado ficou na sessão de sexta, com giro de R$ 7,8 bilhões.

Com isso, em apenas dois pregões, a Petrobras já perdeu R$ 102 bilhões em valor de mercado, de acordo com dados registrados no Valor Pro. A companhia saiu de um patamar de R$ 383 bilhões no fechamento de quinta-feira, logo antes do estouro da crise, e agora está sendo negociada a R$ 280 bilhões - um tombo de 26,75% em seu valor de mercado.

De acordo com profissionais de mercado, a crise na Petrobras se somou hoje ao vencimento de opções sobre ações e um ambiente externo mais negativo, culminando na forte queda das ações.

Mas o gatilho da desvalorização veio com a postura do presidente Jair Bolsonaro, que indicou o general Joaquim da Silva e Luna para o lugar de Roberto Castello Branco na presidência da estatal, o que agravou preocupações sobre a independência da companhia e sua política de preços, que acompanha as cotações do dólar e do petróleo no mercado internacional.

O movimento reflete ainda uma série de rebaixamentos de recomendação por parte de bancos e corretoras. O Bradesco passou sua visão de neutra para venda e indicou o preço-alvo do papel para R$ 24,00, de R$ 34,00. Já o Credit Suisse passou sua própria recomendação de 'compra' para 'venda' e revisou o preço-alvo das ADRs da companhia negociadas em Nova York pela metade, de US$ 16 para US$ 8.

O Goldman Sachs por sua vez, comentou que a decisão de Bolsonaro é negativa para a Petrobras, mas manteve a recomendação de compra dos papéis, com preço-alvo de R$ 41,10 e R$ 27,30 para as ações ordinárias e preferenciais, respectivamente.

Ações de outras estatais também foram, sob efeito da ameaça de mais medidas intervencionistas por parte do presidente Bolsonaro. É o caso de Banco do Brasil, que tombou 11,65%. Já Eletrobras ON e PNB fecharam bem perto do zero a zero, depois de duras quedas no começo do dia. O que trouxe a volatilidade adicional no papel foi a notícia de que o governo estaria estudando medida para reduzir participação na companhia de modo a contrabalançar a crise na Petrobras .

Segundo relato de gestores ouvidos pelo Valor, há um claro movimento de zeragem de posição por parte do fundos, tanto nos papéis de Petrobras quando nos de outras estatais, como Banco do Brasil. “Vamos ajustar posições. A incerteza sobre a tese de investimentos tanto em Petrobras quando em Banco do Brasil aumentou demais, e não faz mais sentido manter as mesmas posições”, diz um profissional, sob condição de anonimato.

Outras ações de peso do índice também tiveram queda firme. Vale ON caiu 2,48%; Bradesco ON recuou 5,70% e a PN cedeu 6,56%; Itaú Unibanco PN cai 7,28%. Além de serem papéis de grande liquidez, que sofrem com momentos de aversão ao risco, os bancos também foram alvo de vendas em meio ao risco de aumento de tributação - algo que poderia ser usado na contraparte das medidas de gastos fiscais do governo.

Entre as poucas altas do dia, Lojas Americanas PN subiu 19,88% e B2W ON avançou 1,15% após aprovarem um estudo sobre a potencial combinação de seus negócios.

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