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Mais de 40 são detidos em manifestações contra prisão de rapper na Espanha

Detenção de Pablo Hasél, acusado de glorificar o terrorismo e insultar a realeza em suas canções, gerou críticas às leis sobre liberdade de expressão no país
Manifestantes enfrentam a polícia nas ruas de Barcelona, um dia depois da prisão do rapper Pablo Hasél Foto: NACHO DOCE / REUTERS
Manifestantes enfrentam a polícia nas ruas de Barcelona, um dia depois da prisão do rapper Pablo Hasél Foto: NACHO DOCE / REUTERS

MADRI — Um dia depois da prisão do rapper espanhol Pablo Hasél , acusado de incitar o terrorismo e insultar a família real do país, milhares de pessoas foram às ruas das maiores cidades do país exigir sua libertação, além de fazer críticas às leis sobre a liberdade de expressão no país.

Os maiores confrontos ocorreram em Barcelona, onde, pelo segundo dia, houve choque entre os manifestantes e a polícia. De um lado, pedras, pedaços de pau e bombas incendiárias foram lançados nas ruas do centro da maior cidade da Catalunha. De outro, bombas de gás e cassetetes dos policiais revidaram contra os manifestantes. Alguns tentaram se aproximar da penitenciária onde o rapper está preso, mas foram contidos pelos agentes.

Em Madri, os manifestantes se concentraram perto da Praça do Sol, inicialmente de forma pacífica. O protesto rapidamente evoluiu para um confronto aberto, com barricadas em ruas próximas e uso amplo de bombas de gás e balas de borracha. A multidão gritava palavras de ordem como "chega de violência policial" e "liberdade para Pablo Hasél".

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De acordo com o jornal El País, 29 pessoas foram detidas nos protestos em Barcelona, enquanto 14 estão em poder das autoridades em Madri.

Pablo Hasél foi condenado a nove meses de prisão, acusado de fazer publicações em redes sociais consideradas exaltação ao terrorismo, além de insultar a Coroa espanhola e as forças de segurança do país. Ele tinha até sexta-feira para se entregar à Justiça, mas se recusou a cumprir a ordem e se entrincheirou na Universidade de Lleida na segunda-feira. Horas antes de ser preso, Hasél publicou no Twitter que “eles (as autoridades) vão me prender de cabeça erguida por não ceder ao terror”.

O caso do rapper, que havia sido condenado por causas similares em 2014, mas evitou a prisão, levantou uma série de questões sobre o estado da liberdade de expressão na Espanha. Um manifesto com mais de 200 assinaturas, incluindo as do cineasta Pedro Almodóvar, do ator Javier Bardem e do cantor e compositor Joan Manuel Serrat, questionava a validade do processo e saía em sua defesa. Até o governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez questionou a “proporcionalidade” da condenação, enquanto o partido de esquerda Podemos, que integra a coalizão, sugeriu que a Espanha não vive um estado de “normalidade democrática”.

O episódio lembra o do também rapper Valtonyc , condenado por alegações semelhantes em 2018. Pouco antes da prisão, ele seguiu para a Bélgica, onde a Justiça local rejeitou um pedido de extradição. O caso ainda está sob análise.