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Com Covid-19, presidente da Argentina diz que 'sem vacina, estaria muito mal'

Alberto Fernández teve diagnóstico confirmado por teste PCR e apresenta sintomas leves; vacina nem sempre impede contaminação, mas sim a forma grave da doença
Alberto Fernandez garante que está bem fisicamente e animado, mesmo com a testagem positiva tendo ocorrido no dia de seu aniversário de 62 anos Foto: JUAN MABROMATA / AFP
Alberto Fernandez garante que está bem fisicamente e animado, mesmo com a testagem positiva tendo ocorrido no dia de seu aniversário de 62 anos Foto: JUAN MABROMATA / AFP

BUENOS AIRES — O governo da Argentina confirmou, na tarde deste sábado, que o presidente Alberto Fernández está com Covid-19 após uma contraprova endossar o resultado do teste rápido realizado na sexta. O mandatário recebeu a segunda dose da vacina Sputnik V há quase dois meses — a imunização nem sempre impede a contaminação pelo coronavírus, mas sim o agravamento do quadro.

— Não tenho a menor ideia de como me infectei, tomo muito cuidado. Se não tivesse me vacinado, estaria passando muito mal — disse o presidente em uma entrevista à rádio AM750. — Os médicos me disseram que a vacina evidentemente criou uma quantidade de anticorpos importante para que eu, neste momento, não esteja enfrentando o que uma pessoa de 62 anos [não vacinada] enfrentaria.

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Fernández apresentou sintomas leves na noite de sexta, data do seu aniversário, enquanto se preparava para jantar após um dia de trabalho na residência oficial de Olivos. A presença de antígenos para a Covid-19 foi constatada em um teste rápido e o presidente entrou em isolamento preventivo.

“Ao terminar o dia, depois de apresentar febre de 37,3º e uma leve dor de cabeça, fiz um exame rápido no qual testei positivo”, disse o presidente no Twitter durante a madrugada. “Por mais que eu não quisesse terminar o dia do meu aniversário com esta notícia, estou animado”, afirmou.

Em uma nota anunciando o resultado do teste PCR na tarde de ontem, o médico da Casa Rosada, Federico Saavedra, disse que o quadro clínico "é leve, em grande parte devido ao efeito protetor da vacina". Ele afirmou ainda que avaliou pessoalmente o mandatário, cujo estado é "estável, assintomático, com parâmetros dentro da normalidade".

— O médico acabou de ir embora, me examinou dos pés à cabeça, meus pulmões, a saturação. Não tenho nenhum sintoma preocupante — disse Fernández à rádio. — Estou na casa de hóspedes, nem os cachorros vêm me ver.

O presidente argentino tomou as duas doses da vacina Sputnik V, do laboratório russo Gamaleya. A primeira injeção foi aplicada no dia 21 de janeiro, no hospital Posadas, em Buenos Aires, e a segunda em 11 de fevereiro, de acordo com fontes ligadas à Presidência.

No caso da Sputnik V, estudos a partir da fase 3 de testes clínicos mostraram eficácia de 91,6% na prevenção da Covid-19 , segundo um artigo revisado por pares publicado na revista científica Lancet em fevereiro. Para casos graves, a proteção constatada foi de 100%. O estudo indica que a vacina não dá a garantia completa de que uma pessoa não vá contrair a doença. No entanto, os imunizantes impedem que o quadro de saúde evolua para uma situação mais grave.

“Entrei em contato com as pessoas com as quais estive reunido nas últimas 48 horas para que façam isolamento. Peço a todos que se preservem seguindo as recomendações. É evidente que a pandemia não passou e devemos continuar nos cuidando", disse Fernández no Twitter.

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A Casa Rosada, sede do governo argentino, anunciou que Carla Vizzoti, ministra da Saúde, está pessoalmente fazendo a lista de pessoas que tiveram contato com o presidente. Os nomes são, a princípio, o do chanceler Felipe Solá; o secretário para as Malvinas, Daniel Filmus; o prefeito de Hurlingham, Juan Zabaleta; o secretário-geral da Presidência, Julio Vitobello; e o porta-voz presidencial, Juan Pablo Biondi. Fabiola Yáñez, mulher de Fernández, teve teste negativo.

Fontes presidenciais ainda informaram que uma reunião de Fernández com Horacio Rodríguez Larreta, chefe de governo de Buenos Aires, foi reorganizada para ocorrer ou virtualmente ou por telefone. Já a primeira-dama Fabiola Yáñez, de 39 anos, informou pelas redes sociais que testou negativo para a doença.

A Argentina enfrenta uma segunda onda do coronavírus, com um aumento considerável no número de contágios impulsionado pelas novas variantes, incluindo a P.1 brasileira. O país já vacinou 7,6% da população com a primeira dose. Além da Sputnik,  a Argentina recebeu doses da chinesa Sinopharm e tem um acordo para produzir a vacina de Oxford/AstraZeneca junto com o México, mas essa produção está atrasada por falta de insumos.

Segundo os dados oficiais do país de 44 milhões de habitantes, 2,3 milhões já se contaminaram e 56.023 morreram com a doença.